sexta-feira, 12 de fevereiro de 2010

Piscator, Inventor do Teatro Moderno

Erwin Friedrich Maximilian Piscator
(Greifenstein, 17 de Dezembro de 1893
Starnberg, 30 de Março de 1966)

Diretor e produtor teatral, um dos mais importantes encenadores alemães do séc. XX. Ao lado de Bertold Brecht fundou o teatro épico.

A contribuição de Piscator para o teatro é qualificada pelos historiadores como a mais inovadora nos palcos alemães durante o séc. XX.

As técnicas usadas por Piscator na década de 20 influenciaram os métodos de produção europeus e americanos.

A sua dramaturgia de contrastes conduziu a um efeito político-satírico e originou o início das idéias do teatro épico.

Na República Federal da Alemanha, o modelo de teatro intervencionista de Piscator atinge o auge novamente nos dias de hoje.

Diversas produções, tentando sintonizar os alemães ao passado nazista tornaram Piscator o inspirador da mnemónica e teatro documentário (teatro baseado em fatos reais usando objetos ou documentos verdadeiros) de 1963 para cá.

Trajetória até a Broadway

Com a ascenção de Hitler, a sua estada na União Soviética deixou de ser profissional e se tornou exílio político.

Mas em 1936 Piscator discorda da política comunista nas Artes e vai a Paris, onde casa com a bailarina Maria Ley em 1937.

Em 1939, o casal segue para os Estados Unidos, onde Piscator já trabalhara com Lena Goldschmidt na adaptação teatral do romance de Theodore Dreiser An American Tragedy, encenado por Lee Strasberg, montado 19 vezes na Broadway.

Em Nova York, Piscator funda em 1940 o Dramatic Workshop, na New School for Social Research. Marlon Brando, Tony Curtis, Judith Malina, Walter Matthau, Harry Belafonte, Elaine Stritch e Tennessee Williams estudaram lá.

Piscator volta para a Alemanha em 1951, e quatro anos depois adapta e encena o romance de Leon Tolstoy Guerra e Paz com temporada em 16 países.

Em 1963 produz a peça The Deputy de Rolf Hochhuth sobre o Papa Pio XII e a alegada negligência no salvamento de judeus italianos das câmaras de gás nazistas.

Até a sua morte em 1966, Piscator tornou-se um grande incentivador do teatro contemporâneo e documentário.

...No lugar do que era o especial tínhamos o típico, em vez do acidente tínhamos a causalidade. Decorativismo deu lugar ao construtivismo. A razão foi colocada em pé de igualdade com emoção, enquanto sensualidade foi substituída pelo didáctico e a fantasia pela realidade documentaria...

O teatro épico teve intenso desenvolvimento na Rússia, após a Revolução 1917, e na Alemanha, durante o período da República de Weimar *, tendo como iniciadores o diretor russo Meyerhold e o alemão Erwin Piscator.

Nesse tempo, as cenas épicas alemãs recebiam o nome de cena Piscator, por causa do uso generalizado de cartazes e projeções de filmes nas peças dirigidas por Piscator.

No entanto, o grande divulgador do teatro épico foi Bertolt Brecht.
O crítico norte-americano Norris Houghton afirma que Brecht e Piscator aprenderam o teatro épico de Meyerhold e que nós o conhecemos através de Brecht.


Brecht reconhece que sempre existiu teatro épico, seja na presença do coro no teatro da Grécia clássica, na Ópera Chinesa e até no Dadaísmo.

No prefácio de Ascensão e Queda de Mahagony (1930), Brecht desenvolve seu raciocínio sobre o teatro épico e descreve 18 distinções entre a forma épica e a forma dramática. Brecht destaca que, na comunicação, escolhe-se por via do sentimento (dramático) ou ao que se persuade através da razão (épico).

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